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10 de maio de 2014

LOUCURA ORGÁSTICA

Eu dormi, dormi, dormi. Quando acordei parecia ter sido da morte, olhei pela janela e parecia que estava amanhecendo, ou anoitecendo, tanto faz, eu acordei, é isso que importa.
Caixa de emails vazia, nenhuma chamada no celular, na minha cama só três travesseiros enrolados em um cobertor com um boné na ponta fingindo ser o amor da minha vida, eu gosto de ter alguém deitado na minha cama, com as luzes apagadas algumas doses de vodka ao som de miss celie's blues olhando pra ele, "santa vodka", consigo ver ele olhando pra mim. -Calma Xandrina!!!Se controla!!!
"DEUS"!!! Preciso transar, sério, é urgente, estou quase agarrando aqueles três travesseiros de boné que esta na minha cama. "Comprar um consolo?" E daí o que é que tem? Parece ser bem limpo e prazeroso, me daria bem mais prazer que certos homens. Acho que vou ligar pro meu terapeuta. Ou..."Ligar pra um profissional do sexo?" Pode ser uma saída, sem envolvimento amoroso, sem aquelas conversas intermináveis e desnecessárias, sem flores, sem velas, sem perfume, sem maquiagem, só sexo. Cadê o telefone do meu terapeuta!!! Isso parece que ta ficando sério, se eu beber mais uma dose vou chupar o pau do travesseiro. "Me masturbar enquanto assisto um vídeo pornô?" Discreto, limpo, rápido, seguro e o melhor de graça. Preciso de um banho frio.

É claro, acabou a vodka, o banho frio me deixou mais quente, o pau do travesseiro parece uma madeira apontada pra mim, e meu terapeuta não atende o telefone, pelo menos descobri que está anoitecendo, que lua linda, acho que vou dar uma volta, quem sabe algum lobo uive pra mim, eu preciso do cheiro da testosterona, é isso, não preciso de travesseiros de pau duro, nem de profissionais do sexo, nem de masturbação, nem de consôlo e nem de terapeuta, eu preciso de um homem me puxando pela cintura, consigo sentir o cheiro dele, e a voz dele sussurrando besteiras no meu ouvido, e o calor da respiração dele na minha nuca... Ó lua, por que você apareceu agora!!!! Foi você que trouxe esse filho da puta aqui, agora ele vai ficar respirando na minha nuca, agora vou me apaixonar por ele, como me apaixonei por todos os outros que me puxaram pela cintura e sussurraram besteiras no ouvido, ó lua, a culpa é sua, toda vez que você aparece assim toda linda eu me apaixono por alguém, eu não vou sair pra lugar nenhum, foda-se o cheiro da testosterona, eu não aguento mais esse cara respirando na minha nuca.

-Doutor é a Xandrina, você pode falar?
-São duas horas da manhã Xandrina. Você tem que ter um bom motivo pra ter me ligado há essa hora, pode falar.
-Daqui meia hora vai chegar um profissional do sexo e um motoboy com um consolo aqui em casa, tem um cara respirando na minha nuca e meu travesseiro está com uma naja dura apontada pra mim querendo me comer, e eu não vou conseguir me masturbar com todo esse caos dentro desse apartamento apertado, sem contar essa lua cheia que invadiu minha noite e fica me mandando esses caras que ao invés de me comer logo fica aqui falando besteiras no meu ouvido. Desculpa doutor é que minha vodka acabou e eu não tenho mais receitinhas azuis, e juro que já tomei banho frio.
-Daqui meia hora estou aí.

Ele é meu anjo, é o único que ainda não desistiu de mim, quando estou com o último dedinho segurando o beiral da ponte e quase não aguentando mais segurar, ele segura minha mão e me puxa pra cima de novo, acho que estou apaixonada por ele, ele é o único que me entende, o único que lê meus textos ridículos, acho que seria o único que compraria meu livro e só na frente dele eu tenho coragem de chorar.

Toc, Toc, Toc.
-Doutor, eu estou apaixonada por você.
-Eu já trouxe seus remédios Xandrina, você vai ficar bem agora.
-Doutor lê o que eu "escrevi aqui em cima", só na sua frente eu consigo chorar, essa é minha maior intimidade, na sua frente eu consigo tudo doutor, eu tenho certeza que estou apaixonada por você.
-Xandrina tudo que esta escrito "aqui em cima", é verdade sim. Mais eu sou seu terapeuta querida, te ouvir, te entender, te ajudar, faz parte do meu trabalho.
-Você acha que eu sou louca doutor? Você acha que eu fantasio as coisas?
-Claro que não, muito pelo contrário, inclusive você me deve 300 reais do profissional do sexo que eu paguei lá em baixo.
-Você dispensou ele? Ficou com ciúmes doutor?
-Você ta no meio de uma crise de ansiedade Xandrina. Você precisa tomar um remedinho e descansar um pouco.

Toc, Toc, Toc.
-Quem é?
-É o zelador!!!!
-Oi Gerard, o que manda!!!

Atentem no detalhe, eu estava nua quando abri a porta, completamente nua, meu terapeuta estava em pé no meio do meu pequeno ap, meu travesseiro ainda estava de pau duro na minha cama, aquele filho da puta ainda respirava na minha nuca e Gerard (Geraldo para os outros) parado na minha frente, com os olhos parecendo uma jabuticaba saltando pra fora da cara e tremendo a caixa que estava em suas mãos que parecia ser a minha encomenda.

-Ennnncomenda praaa senhora dona Xannnn...
-Drina Gerard, esqueceu meu nome?
-Não senhora dona Xandrina.
-Vai me dizer que nunca viu uma mulher nua Gerard. Sabe o que tem aí dentro dessa caixa?
-Não senhora.
-Um pênis de borracha. Bem grande. Com veias e tudo. Até saco ele tem. Se você ficar balançando ele quando treme, ele pode ficar exitado, acho melhor você parar.
-Eu preciso descer dona Xandrina, deixei a portaria sozinha.
-Obrigada Gerard. Acho melhor você não ficar imaginando o que vamos fazer aqui. Você pode ficar excitado.

Meu terapeuta me puxou, pediu desculpas ao Gerard e me colocou na cama, esses comprimidinhos que ele me trás são ótimos, na minha cama só havia travesseiros, aquele cara já não estava mais baforando testosterona na minha nuca, eu já não queria mais beber, e meu sono era tão mais forte que eu...

Enquanto isso...

- Lía. O que você tá fazendo?
- Eu tô olhando o vizinho. Não tá vendo.
- Onde você arrumou esse binóculo?
- Eu comprei em uma sex shop.
- Sex shop? E vende binóculos nesses lugares?
- Vende coisas que você nem imagina nesses lugares, meu amor.
- Você vai ficar aí olhando o vizinho?
- Vou.
- E eu?
- Você quer olhar também?
- Eu não.
- Então vai procurar alguma coisa pra fazer. Vai. vai. Vai.
- E o que esse cara tá fazendo que é tão divertido assim.
- Tomando banho.
- Você tá olhando o cara tomar banho?
- Sim. e ele tem um corpo incrível.
- Vou fazer um sanduíche. Você quer?
- Quer o que?
- Um sanduíche.
- Não Jack, eu não quero um sanduíche.
- Depois eu quero esse binóculo emprestado.
- Pra quê?
- Quem sabe eu também acho uma vizinha gostosa pra espiar.
- Fica quieto. Agora ele tá se secando. É a melhor parte.
- Você quer maionese?
- O que?
- Maionese. No sanduíche, amor.

Eu nunca mais vou fazer esses testes de revistas. eles só servem pra fazer eu ficar com raiva.

- Ele fechou a janela.
- Não esquenta, amor. Amanhã ele vai tomar banho de novo.
- Você nem liga né?
- Do que você tá falando?
- Você não percebeu que eu estou com um binóculo na mão espiando um homem tomar banho enquanto você faz um sanduíche?
- E o que é que tem?
- Eu li uma pesquisa que dizia que vinte por cento dos casais se separaram por causa de rotina.
- E espiar um vizinho com um binóculo vai ajudar no que?
- Você devia sentir ciúmes de mim. O teste pra saber se a gente caiu ou não na rotina começava com o ciúmes. E a gente não passou.
- Desculpa, amor. Eu sempre fui horrível em testes.
- Você é um puto do caralho, seu merda.
- Por que?
- Você nem liga se eu estou olhando ou esfregando as costas de outro homem, você não sente mais nada por mim, e foda-se se eu desejar outro homem, e dane-se se eu comprar binóculos e lunetas pra observar todos os homens daquele prédio, eu posso virar uma funkeira cachorrona, uma atriz de filme pornô barato ou até mesmo uma modelo chinfrim de feira de automóvel que você nem liga. E se alguém olha pra mim, se eu sou desejada, ou se eu desejo alguém você não tá nem aí.Você não gosta de mim, não liga mais pra gente...
- Amor.
- O QUE FOI!
- Não tem ninguém morando naquele prédio ainda.

...

Eu vi em um programa de tv que uma quadrilha está roubando prédios aqui na área. E você sabe que vigias noturnos sempre dormem quando o interfone fica muito tempo sem tocar. Lembra quando a gente pegou o vigia sem dentaduras? Devia ser umas três da manhã. Lembra! Você abriu a porta do elevador pra mim e apertou o botão do andar, quando a porta se fechou rimos juntos da boca banguela dele. Eu não quis te falar sobre a quadrilha que roubava prédios. Achei melhor ficar rindo com você até chegarmos no nosso andar. Já reparou que a gente não conversa mais no corredor? Eu acho ele cada vez mais comprido. E as luzes demoram pra acender. Eu sempre fico imaginando o que está acontecendo atrás daquelas portas. Nunca escutei nada além de tvs com volumes baixos e latidos de cachorros. Não temos cachorros. Tudo bem, eu prefiro gatos. O que acha de adotarmos um? Ele vai me acordar quando eu dormir no sofá. Você sempre briga comigo quando eu durmo no sofá com a tv ligada. Não consigo evitar, os assuntos da tv sempre me dão sono. Ás vezes acho que todos os nossos vizinhos também dormem no sofá. Mesmo aqueles que assinam sky. O vigia do prédio tem um radinho de pilha, você já viu? Ele escuta moda de viola ás vezes. Eu já te falei que moda de viola me faz lembrar do meu pai? Estou com saudades dele. Uma vez ele estava dançando no meio da sala, e rodava, e mexia os braços no ritmo da música, de repente ele tropeçou no tapete e enfiou o cotovelo em um aquário que ficava no canto da sala. Ele sapateava tentando desviar os pés dos peixinhos e tentava pegá-los com as mãos. Os peixinhos escorregavam das mãos dele e ele tentava salvá-los a todo custo. Depois ele correu até a cozinha, encheu uma bacia com água e colocou todos os peixinhos lá dentro. A maioria deles ficaram boiando na superfície. Ele salvou uns dois ou três depois que ligou a mangueirinha de oxigênio. Aquele aquário ficou quebrado um tempão. Os peixinhos ficaram bem. Acho que as coisas sempre ficam bem. Mesmo quando improvisamos. Talvez eu devesse tocar o interfone da portaria algumas vezes durante a noite pra acordar o vigia. Não custa nada, a gente sempre dorme só quando o dia amanhece mesmo. Quem sabe pedir uma pizza, o entregador vai despertar o sono dele. Tá bom, vai. Eu tenho que parar de assistir esses noticiários sensacionalistas. Eles emburrecem e nos deixam neuróticos. Sei que as coisas acontecem. E quem sou eu pra evitar que as coisas aconteçam. Céus. Eu quero mais é que as coisas aconteçam. Não vou te preocupar com vigias que dormem e ladrões de prédios. Eu tenho coisas mais importantes pra te dizer. tipo: que eu adoro te ver andando pelo corredor com as chaves nas mãos. Isso me lembra quando a gente começou a namorar. Me dava tesão ver você andar pelo corredor comprido do motel com aquela chave na mão. Eu adorava a cara que você fazia pra mim quando abria a porta do quarto. Aquele tempo a gente conversava mais nos corredores. E o som que saía das portas eram de gemidos, não de tvs com volumes baixos. E o vigia, nunca estava dormindo quando a gente chegava. Que bom que as coisas mudam. Hoje, quando te vejo andando com a chave nas mãos não sinto mais tesão. Sinto outra coisa. O tesão é muito raso perto do que sinto agora. Que bom que as coisas mudaram iguais pra nós dois. É bom saber que você está abrindo a porta de casa agora.

6 de maio de 2014

Textinho que escrevi dia desses por aí.

Do beijo eu não esqueci

Meu primeiro beijo aconteceu horas antes do meu primeiro beijo acontecer. Sei que pode parecer um pouco confuso. Mas tudo relacionado a sexo sempre foi confuso pra mim. E o meu primeiro beijo não poderia ser diferente.
Lembra de uma brincadeira chamada "salada mista"? Dizem que a maioria dos primeiros beijos saíram dessa brincadeira. o meu sairia, se não fosse o treino que tive com a minha melhor amiga pouco antes do garoto de olhos vendados escolher salada mista com o dedo apontado pra mim. A gente chamava ele de "Baby". Eu não me lembro do rosto dele, alias, eu nem me lembro dele. só sei que eu queria muito beijar a boca dele.
Baby era popular, divertido, inteligente, e todas as garotas da escola queriam ficar com ele. Naquele tempo eu adorava entrar em disputas. Mas eu não queria passar vergonha na hora do beijo. eu dizia pra todo mundo que já sabia beijar. Claro que eu não sabia. Eu não sabia o quanto eu devia abrir a boca, e se eu devia deixar os lábios molhados ou secos... E que diabos eu ia fazer com a língua? eu pensava: Enfio na boca do moleque, ou escondo. Dou lambidas, ou chupadas? E o que eu vou dizer pra ele quando a gente parar de se beijar? Céus. Como é difícil ter treze anos.
Baby tinha me chamado pra brincadeira. Eles se encontravam no escadão perto da escola todas as tardes. Se eu não aparecesse eles iam pensar que eu era uma idiota mentirosa que não sabia beijar. E quando se tem treze anos não é muito bom ter uma reputação ruim na escola. Ainda mais quando a escola é pública. Então eu disse pra minha melhor amiga que eu tinha que aprender beijar de um jeito ou de outro. Ela também tinha que aprender. também havia sido convidada pra participar da brincadeira.
Chupamos laranjas, e mangas, depois ficamos treinando na mão, e tentamos o espelho, e a única certeza que eu tinha é que os olhos deviam ficar fechados. Então eu disse a ela: "Vamos tentar nós duas".
Juramos segredo e seguramos a mão uma da outra. Ela tocou no meu rosto. Eu ajeitei os cabelos dela pra trás. Aproximamos nossos rostos olhando uma pra outra, e fechamos nossos olhos quando nossos lábios se tocaram.
Foi melhor do que chupar laranja e manga. Melhor do que beijar a mão. E muito melhor do que o espelho. Foi a primeira vez que eu tive uma sensação daquelas. talvez a melhor das sensações que tive. Quando a minha boca tocou na dela, a gente já sabia o que fazer com a língua, e nossas bocas ficaram molhadas o suficiente, e dançavam no mesmo ritmo, e a gente já sabia tudo o que tinha que fazer. Foi tudo tão natural, tão inocente, ouso dizer que foi puro.
Demoramos pra parar. Ou não. Não me lembro a quantidade de tempo que ficamos nos beijando. Me lembro do gosto. Do barulho. Da mão dela no meu rosto. Do cabelo dela entre os meus dedos. É. Acho que demoramos pra parar.
Chegamos seguras para a brincadeira. Não demorou para eu ser escolhida por ele. Baby e eu nos beijamos em um canto escuro do escadão. Sem dúvida o beijo dele era diferente do dela. Era mais quente. mais rápido também. Baby não era carinhoso como ela, mais era bom. Ele era mais agressivo. E tentava pegar nos meus peitos mas não pegava, e ameaçava passar a mão na minha bunda mas não passava, e ficava com aquelas mãos cheias de dúvidas em cima de mim, e eu com medo que ele pegasse nos meus peitos, afinal, eram apenas pedrinhas sensíveis ao toque, e aquele medo da dor tirou a minha concentração, e quando ele tomou coragem e pegou... Eu mordi a boca dele e saí correndo do cantinho escuro com o gosto do sangue dele em mim.
Quando fomos embora minha amiga disse que o garoto que ela beijou enfiou a mão dentro da calcinha dela. Eu não soube o que dizer. Não tinha ideia do que ele procurava lá. Mas ia adorar se Baby fizesse o mesmo ao invés de meter a mão nas minhas pedrinhas doloridas.
Eu dormi aquela noite com gosto de sangue na boca. Na minha cabeça desinformada eu estava apaixonada por Baby. Até esqueci que o meu primeiro beijo não havia sido com ele.
Baby me beijou outras vezes. Mas nunca mais pegou nos meus peitos. E também nunca tentou procurar nada dentro da minha calcinha. Minha paixão por ele não durou muito. Eu me mudei daquele bairro com uns quinze anos. Naquele lugar beijei Baby e outros garotos iguais a ele que ainda não sabiam o que fazer com seus pintinhos.
Uma vez pensei em pedir pra minha melhor amiga me mostrar como era que o garoto procurava algo na calcinha dela. Ela falava que era uma sensação estranha, boa, quase viciante. Ele procurava alguma coisa na calcinha dela e ela na cueca dele, e assim eles namoravam todas as tardes no escadão.
Todas as vezes que eu beijava algum garoto parecia que tinha alguma coisa na minha calcinha fazendo cócegas em mim. Eu ficava louca pra alguém procurar o que fazia tantas cócegas mas nenhum deles nunca procurou nada lá.
Eu me mudei.
Nunca mais os vi.
Nem eles.
E nem ela.
Ela.
Eu nem me lembro o nome dela.

Voltei!!

Querido blog...
Tá. Eu sei que te abandonei, mas não precisa me olhar assim. Foi necessário. Eu estava sem assunto, mal humorada e intolerante. Um saco. Você sabe disso. Ninguém me conhece mais do que você que guarda todas as minhas palavras com tanto carinho. Aqui fora ninguém me escuta. Quer dizer, escutar escutam, mais não dão a mínima. Ainda estou aprendendo a lidar com as pessoas. Estou melhorando. Sério! Meu sorriso está mais fácil e meus olhos mais claros. Ando me rendendo ao sol fraco da tarde e brigando com o zero da minha tolerância com mais frequência. E até fiz alguns amigos. Consegui um trabalho de garçonete em um bar. não deu muito certo, mas me rendeu alguns amigos, algumas histórias, uns trocados e alguns projetos futuros. Me mudei de apartamento, terminei meu livro, cortei meu cabelo bem curtinho, fiz uma tatuagem, mandei pras picas todos os meus demônios em uma meditação que fiz em baixo do chuveiro quente com a mangueirinha na mão, comprei uma tele sena, uma saia comprida com desenho de flores e um par de chinelos havaianas laranja. Há. e meu pezinho de hortelã está ótimo. No mundo literário: fui recusada em duas editoras e a semana passada li "o diário de um mago" de Paulo Coelho. Acho que é isso. Mas chega de falar de mim. E você? O que andou fazendo na minha ausência, hein? Esse lugar tá uma bagunça. Todo empoeirado, com pensamentos antigos, e depressivos, e tudo aqui tá muito sombrio, chega de silêncio. Vamos trocar a mobília, pendurar alguns quadros na parede e plantar alguns gerânios em vasinhos coloridos. O que acha? Eu adoro o perfume dos gerânios. Essa noite lembrei de você, por isso entrei aqui.
Algumas coisas até mudam.
Outras
Nunca vão mudar.
Obrigada por guardar isso tudo pra mim. Obrigada por estar aqui sempre que eu precisar. Obrigada por me escutar mesmo depois de ter sido abandonado por tanto tempo. Prometo consertar as coisas. Vamos arrumar essa bagunça. Vai lá. pega o pano e começa tirar o pó. eu vou abrir as janelas e trocar os tapetes. Tira o sapato e traz alguma coisa pra gente beber. Tenho tanta coisa pra te contar...
Tudo vai ser melhor do que antes. Eu prometo.

Ps: É. Você não leu errado. Eu li "O diário de um mago" de Paulo Coelho. O que eu achei? Há pelamor, né. Agora não é hora de falar disso. Outro dia meu querido. Outro dia.


beijos e até mais.